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Balaio Incomun – Moacy Cirne

Muito já se disse sobre o fundador do poema processo, o torcedor do fluminense, o cinéfilo, o militante político, o leitor de quadrinhos, o potiguar, o professor universitário… Mas muito pouco se disse sobre o extraordinário artista que foi Moacy Cirne. Na sua obra, como em tantas experiências da sua geração, o impulso verbal se encontra com as construções imagéticas. Mas essa fusão não está a serviço de uma premissa estética. Não procura ocupar uma lacuna dentro do jogo de expansão e retração. Ela, desde o princípio, se orienta pela e para ação. Como no Poema Picotagem [em que folhas de papel coloridos e atravessados por marcas de picotagem convidam o ‘leitor’ a rasgá-los] ou nas instruções para ações de Objetos Verbais. É essa mesma orientação que torna o seu trabalho tão afeito ao periódico.

Ao longo da sua carreira, Moacy Cirne participou de diversas iniciativas editorias. Balaio Incomun foi possivelmente a mais longeva delas. Esse periódico de folha única circulou por mais de uma década divulgando a cada vez mais subterrânea poesia experimental e combatendo com rara coragem o conservadorismo político tão conhecido de todos nós.